segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pra você.

(publicação especial, do meu amigo pessoal Alan Bonner. vale a pena conferir.)
 
 
Esse é pra você
maldito seja
você que inventou essa coisa
essa amargura
essa dor
essa desvontade de viver
essa vontade de deixar de viver em si e viver no outro

vontade de voltar a lugares
de rever gente
de fazer coisas
coisas que já deveriam ser esquecidas
mas não
isso não te deixa
não sai de você

e quando mais você pensa
mais você quer
mais você sofre
mas não pode

está longe
(mas está perto)
está desaparecido
(mas sempre esteve contigo)
está morto
(mas é vivo em você)

você que pensou em amor
te apresento meu pesar
ele se chama saudade
que meu peito prendeu
e parece que nunca mais vai soltar

pra você, que inventou a saudade só pra escrever coisas bonitas
e ganhar corações
e ganhar dinheiro
ou aliviar essa mágoa

meus parabéns
sou mais um soldado do seu exército

bora marchar rumo ao remorso
porque só ele nos abraça nessa hora
onde o filho chora e a mãe não vê

só ele nos diz pra sofrer calado
saudade é pra quem tem
não pra quem quer ter.

sábado, 6 de agosto de 2011

Desalinho, matinal.

Eu digo, seu moço
Traz o café
Pra me despertar a alma
Saliente, palpitante
Esta noite fui ao céu
Te contar, que estive lá

Aquele sorriso me remete
Se intromete, intercepta meu querer
Voraz, do alto contemplo
A figura da perfeição, meio disforme
De fazer chorar, de tirar o ar
De querer amar
De parar o mar
Decolei, como nos filmes
Como em pileque
Como o moleque da pipa,
do cerol
E pude sentir o afago das estrelas
O aconchego dos invernos
A paz do beira-mar

A tristeza me esqueceu
Primavera me aqueceu
Buliço de prazeres
Revés ideológica
Ando confusamente feliz
Sonhando ao meio dia

Deixa o café, moço
Já preciso ir
Tentar descobrir o meu
Combinado ao dela
Te contar, que volto lá
Mas só depois do carnaval