quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Alvor.

Hoje me lancei à alvura, mutilado pelo acordar
De anseios à flor da pele
Ríspida, a lutar contra os raios de sol
Matinais, que outrora bem vindos
Assim me via, dissimulado desejo, lhano
Se debatendo no profundo, no profano
Percebia, não é bom sonhar
Com o que meus braços não podem alcançar
Mas, por ora
A gente se via, durante a noite
A gente fugia por entre os bosques, nadando na relva
De olhos cerrados - desvaneio
Sem sequer sair do lugar
Se deleitando do porvir
Materializando Éden, solfejando teus fios nus
Tua alma virgem
Naquela estação de trem, naquela manhã - se era manhã
Oh, mas o tempo não importa
É volátil como um Deus
Ele, excêntrico, sorri pra nós
Meneando a cabeça, singelo e nefário
Fitando nosso abraço, ponderante
Traçando, perito, a eminente iminência
Como se invejasse a nossa mortalidade
E, n'um súbito golpe de vista
Zurziu a Morfeu - e com ele, a nós!
Cada um no seu despertar
Cada um no seu alvorecer
Cada um no seu "bom dia".