quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Re-unir.

A cada fio partido
carícia quente
dor de saudade
me parte a mente
loucamente, nos faz voar
nossa hora
a badalar
cortando o vento
nosso momento
iniciar.
Queria ter palavras brandas
narrar o destino
unir nossos lençóis
beijar o futuro no rosto
pela sua graça ter
seria fosco todo amanhecer
de trás pra frente correr
nem bem querer, nem haveria de ser
seria pouco se não fosse você.


quarta-feira, 21 de março de 2012

Pesadelo.

De manhã, os pássaros
ele abre os olhos
lentamente
braço esquerdo dormente
lança sobre o teto um suspiro aliviado
cheio de dores
cheio de amores
a noite fora escura
a alma vencida
lança o corpo pra fora da cama
cheiro de café fresco
cheiro de dia ruim
na mente, turbilhão de malícia
na xícara, café preto dizia:
- desperta.
era amargo, era forte
era libertador
e, adoçante: não tinha.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Alvor.

Hoje me lancei à alvura, mutilado pelo acordar
De anseios à flor da pele
Ríspida, a lutar contra os raios de sol
Matinais, que outrora bem vindos
Assim me via, dissimulado desejo, lhano
Se debatendo no profundo, no profano
Percebia, não é bom sonhar
Com o que meus braços não podem alcançar
Mas, por ora
A gente se via, durante a noite
A gente fugia por entre os bosques, nadando na relva
De olhos cerrados - desvaneio
Sem sequer sair do lugar
Se deleitando do porvir
Materializando Éden, solfejando teus fios nus
Tua alma virgem
Naquela estação de trem, naquela manhã - se era manhã
Oh, mas o tempo não importa
É volátil como um Deus
Ele, excêntrico, sorri pra nós
Meneando a cabeça, singelo e nefário
Fitando nosso abraço, ponderante
Traçando, perito, a eminente iminência
Como se invejasse a nossa mortalidade
E, n'um súbito golpe de vista
Zurziu a Morfeu - e com ele, a nós!
Cada um no seu despertar
Cada um no seu alvorecer
Cada um no seu "bom dia".

domingo, 25 de dezembro de 2011

Carta.

Volto-me, perante a carta
pena fina e tinta fresca
negra, radiante
rabiscando acima dos sonhos
sublevante e ostensivo
sofregando de saudade:
saudades do teu sorriso - que o meu embala!
sincero,
singelo que dissipa
escuridão, gotas de dor
a fúria, o calor voraz
a vista daqui, sei
reservei; fiz mutirão
dancei à luz branda
conquistei cada afago do ar ao seu redor
pra saber, pra graduar
mensurando como quem trama
à fina grama do nosso (futuro) jardim reclama
pela ausência - seguida do brado
pela lacuna que tens me deixado
pelo marasmo de ser só, assim.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Caos.

sacrifício,
sacrilégio.
grito em vão ao limbo
à beira mar, à beira vida
chama - voraz - me espanca
manda trazer o vento,
que te trago a esperança.
nos olhos, o horizonte
a me levar na embarcação,
me jogar na imensidão
a refletir sobre a água rasa,
o quão caótico és.

mas, a saber
me faz bem, o caos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sobre torpedos eletrônicos.

"tá longe de ser projetada pelos melhores engenheiros - de todos os tempos - arma com poder destrutivo maior do que o de uma simples SMS."

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pra você.

(publicação especial, do meu amigo pessoal Alan Bonner. vale a pena conferir.)
 
 
Esse é pra você
maldito seja
você que inventou essa coisa
essa amargura
essa dor
essa desvontade de viver
essa vontade de deixar de viver em si e viver no outro

vontade de voltar a lugares
de rever gente
de fazer coisas
coisas que já deveriam ser esquecidas
mas não
isso não te deixa
não sai de você

e quando mais você pensa
mais você quer
mais você sofre
mas não pode

está longe
(mas está perto)
está desaparecido
(mas sempre esteve contigo)
está morto
(mas é vivo em você)

você que pensou em amor
te apresento meu pesar
ele se chama saudade
que meu peito prendeu
e parece que nunca mais vai soltar

pra você, que inventou a saudade só pra escrever coisas bonitas
e ganhar corações
e ganhar dinheiro
ou aliviar essa mágoa

meus parabéns
sou mais um soldado do seu exército

bora marchar rumo ao remorso
porque só ele nos abraça nessa hora
onde o filho chora e a mãe não vê

só ele nos diz pra sofrer calado
saudade é pra quem tem
não pra quem quer ter.

sábado, 6 de agosto de 2011

Desalinho, matinal.

Eu digo, seu moço
Traz o café
Pra me despertar a alma
Saliente, palpitante
Esta noite fui ao céu
Te contar, que estive lá

Aquele sorriso me remete
Se intromete, intercepta meu querer
Voraz, do alto contemplo
A figura da perfeição, meio disforme
De fazer chorar, de tirar o ar
De querer amar
De parar o mar
Decolei, como nos filmes
Como em pileque
Como o moleque da pipa,
do cerol
E pude sentir o afago das estrelas
O aconchego dos invernos
A paz do beira-mar

A tristeza me esqueceu
Primavera me aqueceu
Buliço de prazeres
Revés ideológica
Ando confusamente feliz
Sonhando ao meio dia

Deixa o café, moço
Já preciso ir
Tentar descobrir o meu
Combinado ao dela
Te contar, que volto lá
Mas só depois do carnaval