quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Menino dos pés.

Já fui menino dos pés
pés descalços nas Minas Gerais
de velhas chacinas de almas perdidas
de olhos vidrados na pelota
despreocupado de tudo, por nada
rei da minha puerícia

já fui caubói, senhorita
do sorriso sincero e convidativo
timidez no abraço tinha
e em árvores me via
no vento recreava, brilhante como tudo que é feliz

já fui moço, ah
das mãos, probo moço
a dedilhar o futuro na viola primeira
sempre clamado pelo Rio
de saudosa Mangueira
de novas latrinas de idéias malditas
da boêmia e do samba velhaco
da mãe do menino dos pés

hoje me pego, cria do menino
pensador pouco baldado
escritor de linhas mortas
que ganham vida só por ti
sou menino de novo
menino da menina, ah
dos pés, firmes, decididos
de vereda imutável
ainda clamado pelo Rio
terra matriz, que ao mundo te deu,
que ao tudo me deu - você.

3 comentários:

  1. ainda clamado pelo Rio
    terra matriz, que ao mundo te deu,
    que ao tudo me deu - você.

    às vezes te acho tão lindo.
    aí depois eu lembro que você é você. EEEEEEE

    brinks, adorei o mimimi, casal.
    beijo.

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  2. Obrigada por contribuir com a antologia prosa-poética para Santiago e enriquecer a literatura aaviana com teus versos.

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  3. Esse me deu uma dorzinha de emoção, sabe?
    Aquilo que a gente sente quando percebe que o que está expresso na arte é de verdade.

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