terça-feira, 27 de janeiro de 2009

mais uma epístola.

ainda carrego a jura
aura rude, saliente
de um querer caliente
ataco reluzente
o silêncio do escuro nada

ainda carrego o vício
de voar
a levar comigo o mar
com um laço
pra compensar
carrego teu cheiro
de dor
teu choro, pudor
teu briso fulgor
a vontade de te fazer rir
promessas tuas
a missiva, sutil
tua timidez
teu sorriso de lua
bradei para a rua
me absortar à ti

cintilas sobre si
danças sobre o futuro
atavias com o tempo
como se fosse teu
teu amigo-mor
teu abrigo, só.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

papo com o sol.

desatino
desafino sob teus raios firmes
simplicidade contagia
eu tenho a chave da tua translação, sol

sei de coisas
ando por aí, à toa
te levo comigo, sol
pro alto sem nuvens
te prometi algo
não me cobre mais
te levo comigo
tenho todo o tempo
vou te mostrar
fagulhas de saudade
pr'os teus raios firmes
onde não há nuvens

breve melodia se faz
se forma
se esvai
você vai
onde não há nuvens
nem maldade

simplicidade contagia
sangue puro e inocente limpa
receio não há
eu tenho a chave
eu sei de coisas
jagunço parrudo tem medo
de se sentar aí
mas eu garanti, siso
que daria certo

aonde não há nuvens
partimos por já
eu tenho as chaves
me diz
o que te assola?
te prometi algo
é simples
teu ouvido captou
trouxe a lua pra ti
eu tenho a chave
ainda tenho.

sábado, 17 de janeiro de 2009

ao zé.

ô zé, zé
aviso aqui
que vou pr'aí
fazer o quê?
aviso aqui

santo terror
tédio, ô, zé
eu vou pr'aí
passar natal
não fique mal
aviso aqui
que seja bom
pois hoje não
penso em mais nada
tédio, ô, zé
não fique mal

ser feliz assusta, ô
ponha água no feijão
pois vou pr'aí, zé
aviso aqui

vamos pular
passar natal
liga não, zé
prosas joviais
há vários natais

eu pra ir
mas liga não
aviso aqui
que vou pr'aí

pra pernoitar
não é pra já
aviso aqui
com saudade
acho maldade
ter que fugir
liga não, zé
eu vou pr'aí
aviso aqui

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

nobre desabafo.

ando assim, tão assim
marchando à favor
d'isto que prezo tanto
conspirando em amarga guerra escura e fria
transpirando, sob as facetas da monotonia
ai, se eu tivesse asas
ou fosse palhaço
encantaria Cassio
palácio, Luís
bendito infeliz que
matou prima minha
a Vera, que o verão esmagou
o verão esmagou, desafeto

ando assim, tão assim
chorando não ser rico
matando tempo com lixo
precisando desabafar
ai, se eu tivesse asas
minha voz fosse firme como trovão
teria o impossível em mãos
pra jogar tudo fora, mais tarde
pela janela, vai
estamos tão longe do fim
ando assim,
meio assim...